TERRAPLENAGEM
Terraplenagem: mais do que mover terras
Processo deve envolver também o estudo do terreno e planejamento das ações para evitar futuros problemas.
Apesar de ser uma ação necessária em toda obra da Construção Civil, o setor de terraplenagem ainda encontra como obstáculo a falta de costume dos profissionais em realizar investigações para elaborar projeto geotécnico com qualidade, seguindo as normas brasileiras. “Os engenheiros civis geotécnicos não conseguem fazer o trabalho de acordo com a boa prática, pois ainda temos uma cultura muito atrasada que se vale do menor preço, acarretando sérios problemas ambientais e custos futuros em reparos para o próprio empreendedor ou proprietário. Os ensinamentos da engenharia geotécnica ainda não são utilizados de forma eficaz pela sociedade”, alerta o engenheiro civil Mauro Hernandez Lozano, responsável técnico da Dýnamis Engenharia Geotécnica e sócio-fundador da Associação Brasileira das Empresas de Projetos e Consultoria de Engenharia Geotécnica (ABEG).
Ele complementa que, atualmente, este é um mercado aquecido, porém com qualidade aquém da desejada. “Não é tanto um problema das empresas, que atuam baseadas nos dados definidos por projeto, e sim da gestão do empreendimento que ainda não vislumbra as vantagens de um bom plano de terraplenagem, com características geométricas e geotécnicas. Há mais de dez anos que os responsáveis optam apenas pelo projeto geométrico, causando prejuízos ambientais, materiais e até perda de vidas humanas. Este cenário é resultado do desconhecimento sobre as responsabilidades da engenharia geotécnica”, afirma.
INVESTIGAÇÃO MINUCIOSA
Um bom processo de terraplenagem começa antes mesmo de qualquer grande máquina chegar ao canteiro. O trabalho tem início com as investigações das características do terreno. “É necessário avaliar o comportamento do solo e projetar a terraplenagem de modo a conferir segurança às obras. Dentre os fatores que devem ser levados em consideração estão o dimensionamento das eventuais contenções e muros de arrimo, estabilidade dos taludes de corte e aterro, estimativa de recalques e a verificação da suscetibilidade à erosão do solo para minimizar suas consequências”,.
Ainda temos uma cultura atrasada que se vale do menor preço, acarretando sérios problemas ambientais e custos futuros em reparos para o próprio empreendedor ou proprietário
Após as sondagens no terreno, as amostras são levadas para ensaios em laboratório, que definem quais as características do solo e as ações mais indicadas para a situação. Em paralelo, é iniciado o trabalho de dimensionamento das inclinações dos taludes de corte e aterro, e eventuais construções de muros de arrimo ou contenções. “Toda terraplenagem inicia-se com o estudo sobre o comportamento dos solos face às necessidades do empreendimento. Em cada situação, o profissional, de posse das investigações geotécnicas (sondagens e ensaios), deverá dimensionar as estruturas do terreno, além de também informar como executar as obras através das especificações técnicas, sequência construtiva e controle de qualidade”, explica o engenheiro.
NIVELANDO O TERRENO
É necessário avaliar o comportamento do solo e projetar a terraplenagem de modo a conferir segurança às obras. Dentre os fatores que devem ser levados em consideração estão o dimensionamento das eventuais contenções e muros de arrimo, estabilidade dos taludes de corte e aterro, estimativa de recalques e a verificação da suscetibilidade à erosão do solo para minimizar suas consequências
Finalizadas as análises e projetos, o processo de terraplenagem continua com outras operações: escavação, aterramento, compactação, troca de solo, drenagem e prevenção à erosão. A escavação é a medida adotada quando há a necessidade de rebaixamento da topografia natural do terreno para o nível estabelecido no projeto de construção. Esta ação pode ser realizada com ou sem a remoção de terra, encaminhando o material retirado a aterros, ou então utilizando nas áreas onde a superfície do terreno está abaixo do especificado.
Já o aterramento é a ação contrária, ou seja, tem o objetivo de elevar o nível de determinado ponto. Quando o material proveniente das áreas de escavação do próprio terreno não é suficiente para atingir as cotas do projeto, é preciso realizar a importação de terra. “É recomendável sempre utilizar tudo o que foi retirado durante a escavação nos aterros de uma mesma obra, ou seja, devemos projetar para que haja uma compensação de volumes sem excedentes”, comenta o profissional.
A compactação é um processo imprescindível após o aterramento. Consiste em compactar o solo utilizando equipamentos que comprimem a terra com seu peso e vibração, a fim de torná-la tão firme e resistente quanto necessário para suportar a edificação. Já a técnica da troca de solo é empregada quando a consistência original do terreno não é boa e firme o suficiente para resistir às futuras cargas. Os estudos prévios são responsáveis por definir quantos metros abaixo da topografia original deverá ser feita a escavação para remoção da camada inconsistente.
Em terrenos onde há excesso de umidade, a drenagem é realizada com a criação de canais em locais estratégicos para vazão da água. Quando a origem da umidade é proveniente de nascentes, deve-se respeitar um raio de aproximadamente 50 metros e criar uma vala que desvie a água para longe do local da construção. Se o problema for resultado do acúmulo de águas pluviais, recomenda-se criar uma suave inclinação do terreno para um escoamento com maior facilidade.
Em solos sedimentares, de composição arenosa, taludes e terrenos em aclive ou declive é constante o aparecimento de erosões, resultado da ação de fortes chuvas. A ação mais utilizada para prevenção é a criação de curvas de nível, cortes ao longo do talude que captam a água que escorre pela terra a fim de não deixar que esta crie velocidade e desagregue o solo, levando consigo sedimentos e abrindo valas. Em taludes a 45°, inclinação natural da terra não compactada em aterros, não é aconselhável haver mais de cinco ou seis metros entre as curvas e quanto menor a inclinação, maior o espaço permitido entre elas.
DIMENSÃO E TIPO IMPLICAM NOS CUSTOS
Lozano complementa que o tipo e tamanho do terreno são dois fatores que implicam diretamente no custo total da terraplenagem. “Por exemplo, um loteamento e uma indústria são cenários bem diferentes. Depende ainda do local e as dificuldades de acesso. Os centros urbanos são sempre mais acessíveis à chegada de máquinas e equipamentos para realização das obras”, finaliza.
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